De todos os privilégios atribuídos aos homens, os de natureza sexual são os mais injustos. O tom geral das acusações é que, quando se trata de sexo, nós podemos tudo e as mulheres não podem nada. Elas reclamam que correm o risco de ser apedrejadas em praça pública se sua cama receber gente demais, enquanto o único risco para um homem na mesma situação é o de ganhar uma estátua na praça da cidade. Também dizem que depois de uma noite de sexo casual os homens nem se lembram do significado da palavra “culpa” — que jamais deixará de assombrar as mulheres que cederem à tentação. Tudo isso pode ser verdade. Mas é também uma espécie de maldição. Imagine não conseguir deixar de pensar em sexo o dia inteiro — a ponto de nem mais se dar conta de que está pensando em sexo!
O comportamento sexual masculino pode ser sufocante como uma prisão, mesmo que seja uma prisão da qual nenhum homem parece querer escapar. Mas, para as mulheres, imitar esse comportamento pode ser útil. Ele não está no seu DNA — o que significa que você pode acioná-lo e desativá-lo quando for mais conveniente. Também dá para aderir ao sexo sem compromisso sem esperar que o moço ligue na manhã seguinte. A vantagem feminina é que vocês podem adotar essa atitude apenas como experiência, e depois voltar a achar tudo isso um absurdo e reclamar que não entende a cabeça dos homens. Animada com a perspectiva? Então veja a seguir como a cabeça de um homem funciona em relação ao assunto... E o que você ganha se começar a pensar só um pouquinho como nós...
Mão no sexo
A obsessão dos homens é a origem de certas histórias que chegam aos escandalizados ouvidos femininos, como a de que seus companheiros de trabalho se masturbam até no banheiro do escritório. Fazendo a ressalva de que esse comportamento não é a regra, além de ser bastante raro, precisamos admitir, no entanto, que é perfeitamente possível. Mas isso é mais sinal de zelo profissional do que de perversão. O sujeito que chegou a esse ponto provavelmente apenas procurava, em desespero, uma maneira de direcionar sua mente de volta ao trabalho. Além de escândalo, esse tipo de relato desperta incredulidade na maioria das mulheres. “Ah, pelo amor de Deus, não dava para se segurar um pouco? Pelo menos até chegar em casa?” Vocês não parecem capazes de entender que a masturbação serve menos para dar prazer do que para colocar a cabeça do homem no lugar. Vocês não podem sequer conceber o esforço que é ter uma conversa normal e amigável com alguém do sexo oposto quando seu cérebro automaticamente começa a criar imagens dessa pessoa nua e nas mais improváveis posições — mesmo que o rapaz esteja gritando “Chega! Chega!” mentalmente. Os homens recorrem a suas próprias mãos não em busca de um orgasmo, mas de sanidade.
O que você ganha com isso?
A masturbação funciona para as mulheres do mesmo jeito que para os homens. Os benefícios são incontestáveis. Qualquer homem com meia dúzia de experiências sexuais já aprendeu que a maioria dos erros cometidos nessa área seria evitada se ele estivesse com a cabeça menos perturbada — ou seja, se tivesse se masturbado antes de dar uma carona para a mulher de seu melhor amigo. Para as mulheres, mais dadas a arrependimentos do que os homens, o recurso pode ser, além de prazeroso, bastante proveitoso. Nos períodos de penúria de parceiros, em que estão free, o recurso dá uma boa ajuda para manter a pele bonita e fresca.
Sexo completo
E o que explica que aquele indivíduo que já conseguiu o que queria de você (sexo) e claramente não tem a menor intenção de levar o relacionamento adiante (nem você, aliás) continue telefonando e insistindo para que se vejam de novo? Talvez ele apenas deseje mais uma rodada de sexo fortuito sem a necessidade da provação que é conseguir outra mulher, ou pode ser que pretenda esgotar as possibilidades com você — ou seja, só vai deixá-la em paz quando tiverem transado em todas as posições e de todas as formas possíveis. Esse tipo de fissura está difundido demais entre os homens para ser chamado de fetiche. A maioria de nós não sossega enquanto houver alguma região ainda a explorar no corpo da parceira. O homem gosta de estar onde ninguém mais esteve. Normalmente, as mulheres costumam resistir a essas investidas, e tudo o que vão cedendo (aos poucos) é recebido como uma vitória. Mas será que o interesse ainda existiria se elas passassem a agir com menos parcimônia? Se elas fizessem questão de, como os homens, experimentar de tudo com cada uma de suas vítimas? Isso já acontece, como vocês sabem, e é claro que o interesse continua vivo. Afinal, a tal atitude sexual masculina não é nada além de saber que sexo é bom, que mais sexo é melhor ainda e que, por isso, o ideal é praticá-lo sem culpas e tentar aproveitar o máximo de cada experiência. E nada impede que seja feito com jeito feminino.
O que você ganha com isso?
Basicamente, mais diversão. A visão de que o corpo da mulher é um parque de diversões não deixa de ser verdadeira só porque é machista. Ele vai se divertir fazendo sexo oral, masturbando-a, depois recebendo sexo oral dela e sendo masturbado por ela e, finalmente, penetrando-a de todas as formas descritas no Kama Sutra. Ele pode se divertir mais em alguma etapa, mas não abriria mão de outra. O homem sente prazer sempre. Para as mulheres, isso parece não ser frequente — às vezes vocês praticam sexo oral apenas para agradar o parceiro ou só encaram algumas posições se estiverem um pouco bêbadas. Fazer isso significa trocar o pudor por mais diversão. Os principais motivos são: 1) você vai gostar e 2) ele vai fazer o mesmo com você. Se não conseguir explorar todas as possibilidades na primeira vez, tente uma segunda. Se na segunda ainda não funcionar, repita quantas vezes quiser. O homem pode até se sentir usado, mas não vai reclamar. Por fim, parece haver um motivo para Deus ter feito os homens tão diferentes das mulheres, e o motivo deve ser que se as mulheres passarem a se comportar como homens — quer dizer, se não houver ninguém para dizer “não” — a humanidade vai se extinguir após alguns poucos anos de orgia total. Será? A opinião dos homens... Eles acham que vale correr o risco.
Sexo na cabeça
O lado mais perverso do folclore de que homem pensa em sexo o tempo todo é que ele não é folclore. Na idade adulta, a maioria de nós já desenvolveu traquejo social para, ao se aproximar de uma mulher, conseguir manter uma expressão facial neutra e o ritmo da respiração estável. Somos capazes até de conversar sobre assuntos amenos e de sustentar nossos olhares acima do pescoço da nossa interlocutora. Mas a verdade sobre a condição masculina está estampada no rosto de qualquer fedelho. A diferença entre adultos e adolescentes é que o adolescente parece estar pensando em sexo 60 minutos por hora, enquanto o adulto apenas está pensando em sexo, mesmo que não pareça. Os adolescentes entregam inadvertidamente tudo o que sua versão adulta tenta esconder. Gaguejam quando uma mulher lhes pergunta as horas, cochicham entre si — rindo pelo nariz — sempre que veem uma menina de vestido mais curto, passam metade de sua vida trancados no banheiro. Dão a impressão de que não há um centímetro do cérebro dedicado a outro assunto que não sexo. Com o tempo vão aprender a disfarçar, e por volta dos 40 anos talvez sejam até capazes de aparentar indiferença diante de uma mulher bonita — mas o dia em que pararem de pensar obsessivamente em sexo será o mesmo dia em que seu coração parar de bater.
O que você ganha com isso?
Se conseguir sintonizar sua cabeça nesse estado mental, qualquer acontecimento que envolva presença masculina se torna uma aventura imprevisível. Tocou a campainha? Pode ser só a sua pizza margherita, mas também pode ser um entregador que lhe desperte mais o apetite. Reunião de condomínio para discutir o plano de TV por assinatura? Na sua cabeça, a chatice se transforma num concurso para eleger o cara mais atraente do prédio. É por isso que os homens ficam animados em qualquer evento que conte com a presença de uma mulher. Outra vantagem é que, quanto mais você pensa em sexo, mais disposta ao sexo você está. As chances de uma aventura imaginária se transformar em algo real são muito maiores. Normalmente, você mal olha para a cara do entregador de pizza ou do seu vizinho — mas, se sua mente estiver sintonizada em sexo, você vai olhar, e não só para a cara.
Sexo sem preconceito (ou critério)
A tática masculina preferida para resolver a obsessão por sexo é, obviamente, praticar sexo. Por isso os homens têm um preconceito menor do que as mulheres a respeito de sexo sem compromisso — menor a ponto de praticamente não existir — e por isso são muito menos exigentes em relação a quem frequenta a cama deles. Enquanto as mulheres submetem qualquer coitado que queira dar um beijinho nelas a um escrutínio pormenorizado, os homens só vão fazer o mesmo quando estiverem elegendo a mãe de seus filhos. Nas demais ocasiões, basta que a moça seja bonitinha — ou tenha ao menos uma parte do corpo bonitinha — ou que ninguém esteja olhando. Vocês podem dispensar um pretendente pelos motivos mais supérfluos, como o fato de ele falar “seje”, votar no Maluf ou ter atropelado o seu pai, mas nós conseguimos transar até com uma mulher de quem sentimos raiva — pensando bem, pode ser até mais gostoso. A possibilidade de um homem dizer “não” a uma mulher é pequena, porém acontece. Os motivos podem ser desde a falta de atrativos físicos da dama (mais comum) até a incorruptível fidelidade do cavalheiro (bastante raro). Um fato a considerar é que mesmo a mulher sem encantos começa a ficar atraente a partir do momento em que se mostra interessada. Ela não chamava a atenção há cinco minutos — mas agora que deu um sorrisinho várias qualidades passaram a ter uma nitidez assombrosa.
O que você ganha com isso?
Depois de um tempo de treinamento, é possível adotar a típica atitude do homem — buscar sexo pelo sexo, tomar a iniciativa, não telefonar no dia seguinte. Uma mulher pode levar para casa um sujeito que acabou de conhecer e cujo único mérito aparente é não ser o cara mais repugnante da festa. Atracar-se com ele sabendo que assim que a cama parar de ranger não existe compromisso. Olhar para o desconhecido ao seu lado e suportar com bravura as toneladas de arrependimento que tentam esmagar seu crânio. Então, não duvide: sexo sem compromisso não faz mal nenhum e, na pior das hipóteses, ao menos ajuda você a descobrir do que não gosta! Na cama com alguém com quem não quer nada sério, qual é o problema em experimentar uma posição inusitada? Ver se falar baixaria realmente aumenta a excitação? Talvez você não fizesse isso se estivesse com seu príncipe encantado — mas por que não com um sujeito que usa pochete? Ele pode gostar ou não gostar. Não importa: vocês nunca mais vão se ver de novo. E pode começar a perder o medo de sair com o cara errado e se arrepender. Mesmo a mulher mais exigente tem páginas de arrependimentos no currículo. Ou seja, alguém sem uma mancha em seu histórico sexual não é apenas uma alienígena, é uma alienígena sem boas histórias para contar às amigas.
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