Ao me recolher ela povoava meus sonhos, fleches em uma mente vampiresca de cento e cinqüenta anos, mas em um corpo jovem de apenas dezenove.
Seus lindos cabelos loiros levemente cacheados nas pontas, e os seus olhos azuis, lindos se destacavam fortemente devido a sua pela branca. O seu sorriso me paralisava de maneira mágica, como uma melodia contagiante de elfos ou coisa parecida. A única que me congelara.
Ao ser atropelado, o mundo se calou por longos três segundos, voltando a mim num turbilhão de vozes, gritos e aflição. Lá estava ela no meio de todo aquele caos correndo em minha direção. Aquela que habitava meus sonhos.
- O que houve? Você esta bem? – dizia ela.
Sua voz era a mesma de meus fleches, mágica como a melodia dos elfos.
- Estou bem – respondi a ela.
Me levantei perfeitamente, nada acontecera, pois minha pele de mármore nada sofrera. E eu sabia que precisava sair dali antes que a ambulância chegasse e quisesse me levar.
Eu não queria machucar ninguém.
Corri rápido demais, de maneira que ao tentarem me ver, só veriam um vulto entre carros e ruelas da cidade.
Confesso que as noites e dias se passavam nostálgicos, mas nada e ninguém conseguiam tirá-la de minha mente. Mesmo sentindo o êxtase da caçada e o gosto doce do sangue em meus lábios, ludibriando-me, faziam que ela sumisse.
Depois de uma longa noite vazia, o destino a colocou novamente a minha frente. O meu belo anjo salvador era isso que ela era para mim.
Mas fui eu que a salvei naquela noite.
Três homens a seguiam em um beco, e se aproximaram a agarrando, tentando tomá-la, roubá-la, e todo tipo de intenção sórdida passava por seus pensamentos. O sangue subiu aos meus olhos e eu os desejava mortos, furta-lhes o sangue e a vida. Mas ela esta lá.
Com movimentos rápidos eu a arranquei das mãos imundas daqueles homens e corri com ela sem direção até que chegamos a uma torre alta na cidade.
Sua expressão era confusa, algo entre gratidão e espanto, e entre esse turbilhão de duvidas eu a beijei.
Eu sentia medo ao tocá-la. E quando a beijava, cada célula e músculo de meu corpo frio pareciam tremer de uma maneira que eu não entendia. Então ela olhou para mim, e seus olhos buscaram minha alma condenada, e ela soube naquele instante o que eu era, mas não sentiu medo mesmo estando naquela torre.
Com suas mãos suaves em meu rosto ela disse:
- Meu vampiro, meu guardião!
Sorrindo ela me fez guardar na mente aquilo que eu tanto amava.
O sorriso de Anna.
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