segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Insegurança Amorosa obscurece o Amor

Numa convivência a dois, os maiores problemas de ordem sentimental são as cobranças
decorrentes de ciúmes e desconfianças. Elas surgem de repente, após a fase de encantamento em que um ou ambos começam a se voltar para si mesmos, individualizando-se e fazendo valer as suas vontades. Chega a hora em que o leque começa a se abrir e o relacionamento toma um novo rumo. Sejam as personalidades que afloram, sejam as mudanças de atitudes por questões diversas, o fato é que não se consegue manter por muito tempo um romance de cinema.


O cotidiano vai se infiltrando de tal maneira que já não há mais predisposição para se viver apenas o lado sentimental da vida, mas isso não significa que o amor tenha acabado. Porém, por falta de entendimento, as divergências começam a surgir dando vazão a discussões, desgaste e decepção. Cobra-se pelo atraso para chegar em casa, pelo jantar que não foi como o esperado, por não ter atendido o celular, pela falta do carinho de antes, pelo encontro com os amigos até mais tarde e por tantas outras motivações que acabam obscurecendo o relacionamento.

É preciso esclarecer que as cobranças amorosas são frutos da insegurança. Quem não se sente seguro numa relação afetiva tende a policiar todo e qualquer acontecimento que envolva a sua cara-metade. No menor sinal de "perigo" haverá uma reação negativa diante da pessoa (e daquilo) que se quer preservar. E se não houver um esclarecimento plausível (por parte do acusado) dos fatos suspeitos, a partir desse momento, qualquer passo divergente do habitual será motivo para cobranças imediatas, seguidas de chantagens e mais desconfianças.

Normalmente, as pessoas que agem dessa maneira são aquelas que se dão por inteiro à relação e passam a viver somente para aquela história, para aquela pessoa, sufocando a si e ao outro num espaço onde não cabe mais nada, a não ser os dois. Ela abdica dos seus gostos, dos prazeres antigos, da sua opinião e das amizades em nome de uma realidade que desenhou com traços exclusivos para serem seguidos à risca, segundo as suas expectativas. Sequer percebe que essas expectativas podem não ser recíprocas.

Se o outro, que a essa altura, já mudou o comportamento por questões externas não estiver disposto a entender o que está acontecendo e procurar resolver o impasse à custa de muito diálogo, desatando os nós das desconfianças, fatalmente, esse amor estará fadado ao fracasso. Num primeiro momento, poderá investir no relacionamento com justificativas e tolerância, mas a tendência é que se canse das imposições comportamentais do inseguro e assuma uma personalidade fria e distante. E entram aí o silêncio, a desilusão, a falta de perspectiva futura e o egoísmo.

A insegurança amorosa é responsável pelo término de muitas histórias que tinham tudo para dar certo. Ninguém pode ter certeza do êxito ou do fracasso amoroso, portanto, não é o patrulhamento diário que garantirá o futuro da relação. O que se deve priorizar é o bem-estar de ambos, sem que um se sobressaia em exigências e vontades em detrimento do outro. Dividir o mesmo espaço e ter os mesmos desejos não significa controlar, orientar, manipular as atitudes do parceiro. Não bastam cumplicidade e amor, faz-se necessário confiança e liberdade para ir e vir.

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