quinta-feira, 3 de março de 2011

Mundos diferentes

Quantas vezes ouvimos que: somos de mundos diferentes?

Essa frase dita assim nua, fria, crua, repetida à exaustão quer na realidade só nos afastar sem magoar.

Ao pensar nisso me dei conta de como isso é recorrente e em cada esquina as pessoas vivem esse mesmo dilema. Porque se nosso mundo é um só, cheio de angústias, medos, lágrimas, sangue, alegrias, prazeres, orgias, religiões… Amores. Então por quê?

Estão juntos e não sabe por qual motivo, ele (a) solta isso: “Somos de mundos muito diferentes”.


Aí você pergunta: “Amor, o que você quis dizer com isso? Agora nossos mundos são diferentes? Na época e que nos conhecemos, você achava lindo eu colecionar livros enquanto você não gostava de ler. Meu quarto arrumado era tua inspiração. Minha moderação com bebidas era a sua total segurança. E o meu jeito de falar nunca te incomodou. E agora você quer me convencer de que a gente não combina? Por favor. Seja honesto (a) ou então vou achar realmente que nossos mundos (e nossa sintonia) não combinam mais”.


Aí você para, pensa de diz:


“Agora que tanta coisa já passou, o que dizer? Tantos sóis, chuvas, brisas, tempestades, muitos sorrisos e lágrimas depois e olhando hoje assim de longe percebo a pessoa linda que um dia conheci.


Dizias-me que não te compreendia, enquanto sublinhavas mais uma vez o fato de sermos de mundos diferentes. Hoje, não te sei responder a isso. Talvez, de fato, não te compreendesse, mas o problema não era esse, tu não te fazias compreender e não me deixavas absorver-te… Entenda que as diferenças existentes entre um e outro não por mundos diferentes, mas por escolas de vida diferentes!


A tua alma era uma porta fechada, o teu coração uma janela trancada, pois todo ele estava fechado a mim e eu não quero te roubar a alma, nem arrombar o coração… Não quero destruir esse aparente sossego e calmaria em que vives, nem perturbar a paz dos seus pensamentos, não quero retirar-te do seu mundo e dos teus dias tranqüilos…


Pare e olhe nos meus olhos como gostas de fazer e leia a minha alma, e ela somente vai te pedir para que desbraves o caminho e descubra quem realmente sou. Aquilo que sou e não sabes que sou, pois se não conheces o meu corpo, muito menos a minha alma…


Não tiveste tempo para me ler, para me ver, para me olhar com esses teus olhos e me tocares com essas tuas mãos e me ler, no tato e nas palavras, no cheiro e no sabor, mas tu estavas demasiado ocupado (a) para mim…


Sempre estiveste ocupado (a), mesmo quando estavas comigo, mesmo quando viajávamos a sós, mesmo quando falávamos horas a fios, quando esteve doente, quando acabaste e pensaste que eu queria continuar… Nunca esteve disponível para mim. Terás sido alguma vez totalmente sincero (a)? Terá alguma vez dito tudo aquilo que sentias? Sem medo de magoar ou de se magoar. Não sei, talvez nunca venha, a saber, afinal éramos… “somos, de mundos diferentes”.


Se assim foi amigo (a) provavelmente não havia amor, porque quando ele existe de verdade, não há mundos diferentes, pura e simplesmente se derrubam ou ultrapassam todas as barreiras e distancias que possam surgir pelo caminho.


E por que deixas que digam que vossos mundos são diferentes? O mundo é o mesmo… Talvez a escola da vida tenha impingido a ele (a) o medo de tentar, de aventurar-se no desconhecido, de brigar pelos seus ideais. Talvez a tua escola da vida tenha te dado a oportunidade de criar asas e sair num grande vôo ao encontro daquele (a) que sempre soube existir, mas que acreditava estar no mundo da sua imaginação!


Mundos diferentes mas mesmo mundo.

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